terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Crônica - Benilson Toniolo

EDUCAÇÃO AINDA QUE TARDIA

Benilson Toniolo

E OS PROFESSORES?
Ninguém se liberta só com palavras (Milton Hatoum)

Semana de volta às aulas.
Mães frenéticas correm às papelarias com as exigências de materiais de todos os anos; papeizinhos se perdem sobre os balcões, calculadoras disparam, filhos espreitam, exigem, batem o pé, promovem verdadeiros acrobacias no afã de fazer valer suas vontades. Comerciantes e funcionários fazem as contas, calculam lucros, investimentos, comissões. Parcelamentos, cartões, cheques-pré, antecipações, taxas, juros, multas.
Diretores e coordenadores buscam encontrar-se entre planilhas, horários, cálculos, regulamentos, listas, telefones, mapas de sala, matrículas, re-matrículas, atribuições, e uma série de obrigações que, se de um lado, pouco lembram as obrigações de quem se dedica à arte sagrada de ensinar, por outro lado tornam –ou, pelo menos, deveriam tornar- possível que o ensino se estabeleça.
Os meninos e meninas, crianças, jovens e adultos –também alcunhados de “estudantes”, ainda que hoje em dia haja dúvidas sobre se estudam mesmo, ou apenas comparecem à escola, ou, no máximo, às suas imediações, o que acaba dando quase no mesmo- experimentam o desmantelo característico da época, e se questionam: Será que é dessa vez que vou ter coragem de esmurrar aquele estúpido da minha sala, sem que seus amigos me arrebentem no outro dia? Será que aquela gostosa vai começar a me dar mole? Será que vou ter agarrar aquele imbecil pra que ele perceba que estou a fim dele? Fulano vai parar de me oferecer drogas dentro da sala? Beltrano vai continuar enchendo a cara de cachaça antes de ir para a escola? Será que aquele professor “mala” vai parar de pegar no meu pé? Será que meu pai vai finalmente ganhar na loteria e eu vou poder finalmente parar de estudar? Enfim, questionam-se sobre como proceder e sobreviver em um mundo marcado pela indiferença, pelo desrespeito, pela agressividade, pela intolerância, pelo medo, e que, obrigatoriamente –mundo este que acaba, inapelavelmente, inserindo o ambiente escolar.
E os professores? O que pensam, o que planejam e o que fazem aqueles que são os principais responsáveis pelo processo de aprendizado e preparação para a vida de nossos jovens? De que forma os professores se preparam para a volta às aulas?
Sim, porque, no final das contas, a eles é dada a principal responsabilidade de todo este complexo processo chamado “educação”. É deles a função de compartilhar o conhecimento, preparar para a vida, dar continuidade àquilo que o individuo aprendeu em casa. Muitas vezes, o problema está justamente aí: o que o individuo, o aluno, traz de casa? Quais são valores –se é que valores há? Quais suas expectativas, seus objetivos, de que matéria é feita sua vida? Cabe então ao professor a árdua tarefa de, em turmas enormes, heterogêneas e, em sua maioria absolutamente desinteressada, disseminar o conhecimento, preparar para a vida, contribuir para o desenvolvimento da sociedade formando cidadãos de bem.
É muito grande, esta responsabilidade. Carga pesada, hercúlea, difícil de conduzir sobre as costas, tarefa digna de um herói bíblico ou mitológico. Mas não. Professores não são santos nem semideuses. São pessoas de carne e osso, feitas de sonho e trabalho, a quem é dado o sublime ofício de receber e devolver, para o país, seres humanos melhores. Estes sim, são os verdadeiros heróis do nosso tempo, a quem devemos reconhecer e valorizar. Viu, Pedro Bial?
Que, neste recomeço, estes profissionais se fortaleçam, em todos os aspectos, e dêem início à sua efetiva participação na Grande Revolução Brasileira, e que será a responsável pela transformação do Brasil, definitivamente, em uma grande nação: A Revolução da Educação –que, apesar de muita gente ainda duvidar, já começou.

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