quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Artigo - Alberto Paco

LENDO E ESCREVENDO

Um grande amigo disse um dia destes em reunião informal que: "Para saber se um escritor é realmente bom, tem que se lhe perguntar quantos livros leu"
Confesso que gostei desse contesto, porque me reportou a um passado distante, trazendo reminiscências de minha juventude.
Terminei o quarto ano primário pouco antes de completar onze anos de idade. Poucos dias após ganhar meu primeiro Diploma, recebi um "caixote" repleto de livros que meu irmão mais velho mandou da cidade grande, porque sabia da minha paixão pela leitura.
Esses livros eram grandes obras de famosos escritores. "O conde de Monte Cristo (três volumes) de Alexandre Dumas; A Dama das Camélias de Alexandre Dumas Filho; O corcunda de Notre Dame de Vctor Hugo; Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas; A Mão do Finado de Alexandre Dumas Filho (continuação do romance O Conde de Monte Cristo).
Naquela época e naquele lugar afastado dos grandes centros, não existia ainda "luz elétrica". O querosene usado nos lampiões, era racionado como conseqüência da Segunda Guerra Mundial. O jeito era apelar para alternativas.
O azeite de oliva era abundante naquelas paragens. Usava-se em pequenas candeias com grosso pavio de algodão para iluminar as longas e frias noites de Inverno.
Minha mãe e algumas vizinhas juntavam-se à noite no porão da nossa casa, para tricotarem e conversarem até chegar a hora de se recolherem a suas casas. Todas eram analfabetas, mas gostavam das fantásticas histórias contadas nos livros.
Enquanto os outros garotos da minha idade eram obrigados a se recolher a seus leitos, eu fui convidado a ler os livros recebidos, para o seleto grupo de "comadres".
À luz bruxuleante da candeia de azeite, ia lendo as peripécias dos heróis dos romances. Nas passagens mais romanticas ou mais violentas eu me emocionava e minha voz ficava embargada, obrigando-me a parar com a leitura até me refazer. Nesses curtos instantes de pausa, só se escutava o "fungar" da velhinhas que emocionadas, largavam o tricô para enxugarem as lágrimas.
Com doze anos fui para a cidade grande onde trabalhei e estudei, mas nunca perdi o costume de ler. Com o tempo, fui adquirindo o hábito de rabiscar alguns escritos que culminaram com a elaboração do meu primeiro romance (O Homem do Rio), aos vinte e dois anos de idade.

Alberto Paco
Coordenador Geral Municipal da Seção
Maringá-PR do Movimento UNIÃO CULTURAL

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