sábado, 29 de janeiro de 2011

Poema - Isabel Rosete

Aos políticos,

Estas minhas mãos, que agora escrevem,
São as mesmas que limpam a sujidade
De todos os dias das más-línguas envenenadas
Pela cólera, pelo prazer do ódio do simples
E ridículo acto sórdido do mal-dizer.

Estas minhas mãos, que agora escrevem,
São as mesmas que enxugam as lágrimas
Dos olhos amargurados pela miséria da Vida,
Pelo infortúnio, pela má sorte de um Destino
Que não foi feito por elas.

Estas minhas mãos, que agora escrevem,
São as mesmas que amparam os corações
Dilacerados pela Inveja, pela mesquinhez
Dos espíritos impuros, pela cobardia
Das mentes malditas que aniquilam
Os sorrisos trazidos pela Felicidade dos outros.

Para vós, Hipócritas, feiticeiros do bem-dizer,
Demagogos, falsários de promessas sempre
Adiadas, nunca cumpridas em tempo algum;
Para vós, feiticeiros indiscretos do anúncio
Da salvação impossível, retóricos dos
Pensamentos ocos e das palavras vãs;
Para vós, impostores convictos de uma política
Des-governada, estas minhas mãos não mais escrevem.

Não quero tornar as minhas mãos impuras!

ISABEL ROSETE
UNIÃO CULTURAL - Aveiro-Portugal

Um comentário:

  1. Belo poema, cara poetisa, aliás há um paradoxo aqui: um belo poema falando de maus-exemplos dos nossos legisladores. Abraços.

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