quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Poesia - Helenita Scherma

Libertação (catarse)

Arrombo com fúria
o cadeado,
e sem lamúria,
destranco
o meu passado.
Rebusco cada canto,
buscando o desencanto
do incoerente.
Arranco
os lençóis imóveis
– fantasmas brancos! –
Arrasto os móveis,
escancaro-lhe as portas rangentes,
viro as gavetas, no chão!
Espalho tudo: diários,
discos e cadernetas,
anotações e fi chários.
Esvazio os armários
e rasgo os vestuários
em pedaços, com a mão!
Levanto poeira e cinzas,
antigas queixas ranzinzas,
lembranças vis, sem saudade.
Atiro contra a parede
cada inutilidade
que ainda resta ali...
Num ódio desesperado,
pico cartões e retratos;
esmago, com meus sapatos,
restos do meu coração!
Jogo pedras nas janelas,
arranho todas as telas
e os quadros pintados à mão.
Mais nada, encontro de ti!
Louca, rio frente ao espelho!
e me ajoelho,
em delírio,
exausta do meu martírio,
sabendo que te esqueci...

HELENITA SCHERMA
Coordenadora Geral Municipal da Seção Jacareí-SP-Brasil
do Movimento UNIÃO CULTURAL

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